quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Hpim3365

O sol aquece
o pequeno tédio
de águas baixas
nos últimos minutos de luz
esculpida
na recente maré de fevereiro
já os pássaros se afastam
inquietos
com o súbito despertar do sono da serpente

mais uma vez
aquela sentinela
em observação contínua
indolente
aproxima a linha invisível
da fronteira
sob o peso do fumo da noite
à conquista do inútil

sobe o ruído surdo da cidade
do outro lado
como uma sílaba tónica
sem sentir o céu

está a fazer-se tarde
sem tempo para outro nada.

Sentinela, João-Maria Nabais

1 comentário:

CrisTina disse...

Tenho passado por aqui e gosto do que escreves!